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1
Abril 2005
Comentário
da Semana "Reforma Agrária"
José Pedro Calheiros
Não é preciso passar pelas coisas para as sentir. Isto
vem a propósito de uma espectacular mensagem que uma das nossas
passeantes me mandou, onde comenta alguns aspectos do alentejo da reforma
agrária. Quando, há duas semanas, estivemos em Vaiamonte
(Monforte) visitamos o abandonado Monte de Palma e por lá falamos
de como se passaram as coisas entre a Primavera de 74 e algures o início
dos anos 80. Do entusiasmo, da euforia, da revolta (se a houve), das
motivações, dos embaraços. Veio-me à ideia,
uma tarde quente do Verão de 79, quando acompanhando o meu pai
nas suas andanças topográficas por terras do alentejo,
visitamos uma UCP que precisava de uma nova linha eléctrica.
Mantenho, com uma perfeita nitidez, a imagem dos estandartes vermelhos
com os perfis dos mentores históricas da ideologia dominante,
que decoravam o fundo do armazém. Impressionou aquele miúdo
curioso. Mas também não esqueci, as várias dezenas
de mulheres e homens que comiam dentro de tarros de cortiça,
sentados no chão. Tristes, muito tristes e silenciosos. Quase
em surdina, o coordenador (essa era designação do antigo
capataz) dizia quando assinava os papéis da EDP "Olhe Engenheiro
(assim tratava ele o meu pai), agora assino eu estas coisas pois parece
que ninguém quer mandar. Mas vir a luz não deve fazer
mal a ninguém e alguém há-de pagar". Pois
não fez mal nenhum e finalmente hoje temos um alentejo de gente
mais sorridente. Pena foi terem passado tanto tempo a comer no chão,
havendo sempre alguém a comer à mesa.
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