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15
Setembro 2005
Comentário
da Semana "Eis Bocage"
José Pedro Calheiros
"Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;
Incapaz
de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno;
Devoto
incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades,
Eis Bocage
em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento".
Hoje comemorou-se
o nascimento do poeta, acontecido há 240 anos, no ano em que
se celebram os dois séculos da sua morte.
A nossa homenagem a Bocage não se traduz em coroas de flores
ou saraus de poesia, romântica ou erótica. Este poeta é
acima de tudo a inspiração do que nos move. A incessante
procura da paixão, do belo, do prazer e da justiça. Contra
a hipocrisia, o sedentarismo e a falsidade. Conhecer a obra de Bocage
é ir mais além, mais longe, mais alto. Atreva-se !
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