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26
Janeiro 2007
Comentário
da Semana "O Paradoxo da Opinião
- Radares de Lisboa"
José Pedro Calheiros
Há certos assuntos em que a minha opinião é não
ter opinião. E penso que seria óptimo que assim fosse
com muitos mais assuntos e com muito mais gente. É público
que, por exemplo, sobre futebol não tenho opinião, nem
sobre marcas de carros. Mas desta vez constatei que também não
tenho opinião sobre a nova dinâmica dos radares de Lisboa.
Os tais que nos "obrigam" a andar a 50Km/hora, mesmo em vias
feitas para aumentar o escoamento da cidade e em que velocidades superiores
seriam perfeitamente aceitáveis. Mas não consigo ter opinião
se a medida é acertada ou não. Sinceramente. Se formos
a 50 chegamos ao destino quase à mesma hora e com menor perigo
de acidentes, mas se formos a mais de 50 escoamos mais rapidamente o
trânsito, a maior parte das vezes sem risco. Sabemos todos que
a medida não tem qualquer relação com a diminuição
de acidentes, mas sim com o chorudo financiamento da Câmara Municipal
(sim, a mesma dos processos judiciais em curso) decidida por muitos
dos seus vereadores (sim, os mesmos onde alguns são arguidos
dos tais processos). Como dizia, não tenho opinião, mas
tenho uma proposta e portanto eis o paradoxo. É simples. Além
da velocidade máxima, seria também definida uma velocidade
mínima, por exemplo 15Km/hora, e sempre que um automobilista
tivesse que andar a menos de 15, pelos engarrafamentos das horas de
ponta, falta de vias em condições, obras na via pública,
cargas e descargas ou falta de coordenação de trânsito,
então seria reembolsado pela autarquia pelos minutos de espera
na velocidade abaixo do mínimo. Essa é que era ! Cá
para mim, devia-se fazer um referendo sobre este assunto.
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