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28
Dezembro 2007
Comentário
da Semana "Dança das Cadeiras"
José Pedro Calheiros
Eu
sou cliente do BCP. E também sou cliente da CGD. E de outros
bancos que não interessam para o caso. Dou-me bem com todos,
embora goste mais de uns que de outros. Como afinal todas as relações
da vida, sejam pessoais ou profissionais. A novela BCP de 2007 foi
algo de absolutamente inimaginável, ao nível de reunião
de colectividade de bairro em assembleia geral de apresentação
de contas dos bailes de verão. É assustador para que
serve o que nós pagamos, a quem nos guarda o dinheiro e a
quem nos aluga o dinheiro. |
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Ainda aceitaria
se estivessemos a falar de um banqueiro que enriquecia com o seu negócio,
vestindo a pele de patrão da coisa. Mas não. Estamos a falar
de uma verdadeira ditadura dos executivos, de funcionários de alto
nível, mas de funcionários. Claro, com um estatuto muito
privilegiado. Admito que percebo muito pouco de macro-economia, de gestão
bancária, de finanças. No fundo como a maior parte das pessoas,
incluindo muitos dos que falam sobre o assunto. E mesmo alguns dos que
ocupam os tais lugares. Mas quando julgavamos que a novela tinha terminado
em paz por Obra de Deus, eis que, tal qual o melhor nas novelas TVI, acontece
algo inexplicável. O presidente do maior banco português,
que é do Estado (de todos nós em sentido lato) tem fortes
hipóteses de ser o presidente do segundo maior banco português
e maior banco privado. Esse senhor deve conhecer a fundo toda a estratégia
que a CGD deliniou para um futuro próximo, quais os negócios
em mãos, quais os grandes clientes, as boas contas, os parceiros
estrangeiros, as fraquezas, as zonas cinzentas, as oportunidades. Com
a sua passagem para o BCP segue tudo isso, pois o currículo e as
competências do homem valem pouco nesse enorme bolo. Tudo isto como
se de treinador de futebol se tratasse. Mas a malta do BCP (entenda-se,
os accionistas/donos) tomem atenção. Se esse senhor mudou
tão facilmente, também muda num futuro próximo. Para
um banco Espanhol, Alemão, Americano, Russo ou Chinês. Aí
é que têm de se pôr "A Pau". Ou será
melhor dizer "a VaraPau".
Comentários
28
Dezembro - JMC
O comentário é: Genial, sarcástico,
... mas muito pertinente e digno de qualquer diário ou semanário
económico. Parabéns, ... mais uma vez.
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