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12
Junho 2009
Comentário
da Semana "Dos teus egrégios avós"
José Pedro Calheiros
É
claro que todos os Portugueses sabem de onde foi tirada esta frase.
Menos saberão o que quer dizer o estranho nome chamado
aos avós. Coisas da vida, deste rectângulo plantado
à beira mar. Ontem vi com alegria uma pessoa amiga a receber
uma medalha no 10 de Junho. Trata-se de uma produtora de vinhos
de Fernando Pó, chamada Leonor Freitas e que dirige a adega
Ermelinda Freitas de onde saiem vários vinhos que sirvo
e bebo com satisfação. Todos gostamos de ver os
amigos a receber estas coisas. |
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Também
o marido da filha da minha vizinha do 6º andar recebeu uma medalha.
Esse por acaso era anfitrião do evento, ex-inspector da PJ, escritor,
comentador, colunista, técnico de transladações
de cemitérios e acho que uma data de coisas mais, além
de boa pessoa e bom marido. Aqui há uns anos davam-se, neste
mesmo dia, medalhas às viúvas, orfãos pais e mães
da rapaziada, hoje esquecida, que voltava de África já
sem vida. Além das medalhas comemorou-se o Dia de Portugal, de
Camões e das Comunidades. Passaram os militares em parada. Poucochinhos,
é verdade, que o orçamento é baixo. E o pessoal
? O povo ? Adorou o feriado em debandada geral para o sol da Caparica
e de Albufeira. Viva Portugal ! Então e as comemorações
do dia da Pátria ? E os egrégios avós ? E aqueles
que trabalharam, lutaram e morreram pela pátria ? Poderia agora
escrever muito mais sobre este assunto. Mas vou buscar as palavras de
um dos poucos cérebros que funciona de forma independente e clara
na vida pública portuguesa: António Barreto. E transcrevo
parte do seu discurso desta quinta feira 10 de Junho 2009: "Os
Estados gostam de comemorar e de se comemorar. Nem sempre sabem associar
os povos a tal gesto. Por vezes, quando o fazem, é de modo desajeitado.
"As festas decretadas, impostas por lei, nunca se tornam populares",
disse também Eça de Queirós. Tinha razão.
Mas devo dizer que temos a felicidade única de aliar a festa
nacional a Camões. Um poeta, em vez de uma data bélica.
Um poeta que nos deu a voz. Que é a nossa voz. Ou, como disse
Eduardo Lourenço, um povo que se julga Camões. Que é
Camões. Verdade é que os povos também prezam a
comemoração, se nela não virem armadilha ou manipulação.
Comemora-se para criar ou reforçar a unidade. Para afirmar a
continuidade. Para reinterpretar o passado. Para utilizar a História
a favor do presente. Para invocar um herói que nos dê coesão.
Para renovar a legitimidade histórica. São, podem ser,
objectivos decentes. Se soubermos resistir à tentação
de nos apropriarmos do passado e dos heróis, a fim de desculpar
as deficiências contemporâneas."
Discurso
completo de António Barreto no 10 de Junho de 2009 - PDF 47Kb
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